Narrado por Marcelo Di Capri
O telefone vibrou no bolso do meu terno no exato segundo em que o prefeito começou a falar sobre os investimentos sociais no parque.
Ignorei.
O idiota mal sabia que o projeto todo tinha sido financiado por mim. Pela minha grana suja, pelas minhas rotas, pelas minhas mãos que já carregaram mais corpos do que ele jamais sonhou.
O telefone vibrou de novo. E dessa vez, algo dentro de mim gelou.
Peguei o celular. A tela mostrava o nome de Renzo, um dos meus homens de segurança. Atendi no reflexo.
Renzo: Marcelo... é a senhora Di Capri.
Meu sangue congelou.
Marcelo: Fala logo, porra!
Renzo: Ela foi atacada. No parque. Tá ferida... Mas viva.
Não esperei o resto.
Joguei o microfone longe, deixei o prefeito com a boca aberta e saí correndo como um maldito animal. O som dos gritos, das sirenes, da confusão já se espalhava pelo ar como fumaça de guerra.
Meu peito queimava. Minhas pernas pareciam não tocar o chão.
“Não deixa ela morrer, Deus... não deixa ela morrer...