Narrado por Anastácia

O sol estava quente demais para um evento ao ar livre. Usei óculos escuros, um vestido branco justo com corte sofisticado e sapatos baixos. Estávamos no parque central de Varenza, cercados de barracas, crianças correndo com balões coloridos, jornalistas sorrindo como hienas atrás de uma boa imagem da “mulher perfeita de Marcelo Di Laurentis”.

Idiotas.

— Senhora Di Capri, pode olhar para cá? — um repórter gritou.

Sorri, levantei o queixo e posei. A primeira-dama da máfia, em sua melhor versão pública. Filantropa, elegante, intocável. Ninguém sabia quem eu era de verdade.

— Vamos para a barraca de doação de roupas agora — Helena, minha assistente, avisou discretamente.

— Ok — respondi, caminhando com leveza, como se cada passo fosse um cálculo.

Mal sabiam todos que eu estava completamente desarmada. Marcelo havia pedido para que eu deixasse qualquer proteção de lado “só por hoje”. A imprensa estaria em peso, e ele queria uma imagem limpa.

Ironia.

Foi no segundo em