Narrado por Gregório
A noite tava mais fria do que eu lembrava. Entrei em casa como quem entra num campo minado — em silêncio, atento, já esperando encontrar a tempestade que sempre me acolhia: Ava.
E ali estava ela.
Sentada na poltrona perto da lareira, uma taça de vinho na mão, os olhos atentos em mim desde que pisei na porta. Ela não disse nada no início. Só me observou. Me analisou. Como uma onça estudando os movimentos da presa antes do bote.
Gregório: Ainda acordada?
Ava: Você foi se encontrar com Marcelo.
Não era uma pergunta. Era uma afirmação.
Deixei o paletó sobre o encosto do sofá e fui direto pro bar, servindo dois dedos de uísque sem gelo.
Gregório: Fui.
Ava: E?
Dei um gole longo antes de responder.
Gregório: Ele tá surtado.
Ava: Por causa da mulher?
Assenti.
Gregório: Alguém contratou três mercenários poloneses pra atacar a Anastácia num evento beneficente. Foi feio. Mas ela reagiu. Matou dois, o terceiro ele capturou.
Ava levantou uma sobrancelha, impressionada.
Ava: E