Narrado por Marcelo
Voltei para o hospital com o cheiro de pólvora ainda grudado na roupa e o gosto de sangue preso na garganta.
O sol começava a surgir no horizonte, um laranja pálido pintando as janelas do corredor quando entrei. Meus seguranças se afastaram em silêncio, e tudo que eu queria naquele momento era uma coisa: ver ela. Tocar ela. Ter certeza de que estava viva, acordada, respirando.
Abri a porta do quarto devagar.
E lá estava ela.
A rainha da porra toda. Deitada, encostada nos travesseiros, os olhos abertos, observando a janela com aquele olhar que atravessa a alma da gente.
Anastácia.
Quando ela virou o rosto e me viu, os olhos dela vacilaram. Por um segundo, só um segundo, eu vi o alívio ali. Mas ela disfarçou com aquele ar controlado de sempre.
Marcelo: Tá acordada...
Anastácia: Tô. Pensei que você não fosse voltar.
Fechei a porta e fui até ela, pegando a cadeira e puxando pro lado da cama.
Marcelo: Eu nunca ia te deixar sozinha. Não depois do que aconteceu.
Ela me en