Narrado por Ava
O mar parecia mais calmo do que nunca.
A água ondulava devagar, como se também estivesse cansada do caos. Era um daqueles dias em que o céu se fundia ao oceano num tom laranja quente, e o sol se despedia sem pressa. Gregório pilotava o barco com uma expressão concentrada, mas havia algo diferente em seus olhos. Um tipo de serenidade que eu raramente via nele.
Talvez fosse o bebê.
Ou talvez fosse eu.
Gregório: Tá com frio?
Neguei com um sorriso discreto. Ele se aproximou e me cobriu com uma manta fina que tinha trazido do carro. O gesto simples me arrancou um calor estranho no peito.
Ava: Você pensou que a gente ia chegar até aqui?
Gregório: Até onde?
Ava: Isso. Um passeio de barco. Um bebê. Essa... paz.
Ele me olhou, olhos fixos nos meus.
Gregório: Com você, Ava, eu aprendi a esperar o improvável.
Me sentei perto dele, de lado, para poder observá-lo melhor. Gregório estava diferente. Ainda era o mesmo homem perigoso, estrategista, impiedoso com quem ousasse desafiá-lo.