Mundo de ficçãoIniciar sessãoCapítulo cinco
AMÉLIA COBALTO Após o almoço eu fui para a cozinha - Gina pode me ajudar a fazer uma lista? o senhor Cobalto quer uma lista do que você precisa. - Claro, vou ver o que preciso, vou falando e a senhora vai escrevendo. Ela me passa um tinteiro e papel, me sinto sem graça encarando os itens, sujo minhas mãos na tinta de tamanho nervoso. Os passos pesados de Afonso vindo em direção a cozinha me deixa ainda mais nervosa. - Me dê a lista – ele estende a mão para que eu entregue o papel, ele olha minhas mãos mais sujas do que o necessário para a tarefa, automaticamente escondo minhas mãos sujas de tinta – Amélia venha comigo, me acompanhe até a cidade, Gina faça a lista e entregue ao Vicente. Ele sai da cozinha e eu o sigo em passos lentos, ele para no meio da sala me observando dos pés a cabeça. - Se troque, vou esperar por você aqui – concordo e subo correndo Deixo a banheira enchendo e vou escolher um vestido, o Afonso está bem vestido, não como se fosse a uma festa, mas esta usando roupas novas, ele sempre está, pego meu melhor vestido e a primeira vez que irei com ele a cidade. Me lavo rapidamente para não deixar ele esperando muito tempo, faço uma trança de lado no meu cabelo e estou pronta, desço, ele está no sofá lendo o jornal que foi entregue pela manhã. - Estou pronta senhor Cobalto! – ele faz um gesto com a mão para que eu vá até ele – Afonso,desculpa ainda não me acostumei. - Leia essa frase para mim – ele me entrega o jornal apontando para uma linha de palavras. Encaro o jornal envergonhada por uns segundos abaixo a minha cabeça confesso envergonhada - E eu, eu não sei ... - Não teve aulas? – nego com a cabeça - Meu pai disse que seria um gasto inútil- aperto a lateral do meu vestido nervosa- Eu entendo se o senhor quiser me devolver, não consegui cumprir nenhuma de suas ordens – ele se levanta seu corpo grande se movendo em direção a mim – Eu entendo mas imploro para que não faça Suas mãos tocam meu rosto sem delicadeza me fazendo olhar em seu rosto, observo a barba esta começando a crescer, os labios finos com uma pequena cicatriz no canto da boca, as sobrancelhas grossas quase juntas seus olhos analíticos me olhando fixamente, tem tanta coisa em seu olhar que me deixa paralisada - E... eu, eu vou cumprir minha obrigação em sua cama – sinto meu rosto arder pela vergonha, mas ser devolvida seria uma vergonha enorme para os meus pais – Por favor senhor Cobalto não me devolva Afonso deslizou o polegar por meus lábios fazendo o contorno, depois empurrou o dedo para dentro da minha boca, pisquei confusa, vi a sombra de um meio sorriso surgir em seus lábios enquanto ele puxava e empurrava o dedo para dentro e fora dos meus lábios. - Eu vou te ensinar tudo o que você precisa saber Amélia – sua voz saiu mais rouca que o normal – tudo! Tinha uma promessa imprópria em sua fala, seu tom e seu olhar escondiam algo que me assustava e instigava a algo que eu não compreendia, ele puxou o dedo dos meus lábios, me deixando perdida sem entender nada. - Vamos? – concordei com a cabeça Ela saiu andando na frente, abriu a porta da caminhonete e me ajudou a subir - Obrigada – Afonso retirou o chapéu e colocou no meu colo, já era outro diferente de mais cedo – o senhor tem muitos chapéus Ele sorriu e assumiu o volante, Afonso, era grande, seu corpo, preencheu todo o banco as pernas pareciam um pouco apertadas, ele tinha um ar de superioridade mesmo em silêncio, era estranho chamá-lo ou pensar em sua pessoa pelo primeiro nome. Ao chegarmos no centro me senti envergonhada, as pessoas disfarçando muito mal os olhares e comentários, Fomos alguns estabelecimentos onde Afonso fez pedidos grandes para ser entregue na fazenda. - Tenho um assunto rápido a ser resolvido – Ele disse após colocar alguns caixotes na traseira da caminhonete – você quer tomar sorvete enquanto isso? Olho animada para a sorveteria do outro lado da rua, a inauguração parou a cidade há uns anos atrás, a lembrança da animação da minha irmã me fez sorrir. - Toma – ele me entrega algumas notas- não vou demorar - Obrigada- agradeço e guardo o dinheiro em minha pequena bolsa – leve o seu tempo estarei a sua espera - Claro que estará – seu tom é sério Afonso me leva até a porta da sorveteria, os olhares curiosos nos acompanha a todo momento. Escolho uma mesa e logo a garçonete vem me atender, peço um milk-shake de chocolate, a saia vermelha rodada e a camisa branca levava um Avental rosa em sua frente, Anelim desejou trabalhar aqui, nas papai não permitiu pós estava de casamento marcado com o homem que deu fim a sua vida, olho em volta e penso se um dia essa tristeza pelos desejos que ela não pode realizar não doera tanto. - Aposto que ela esta grávida- saio dos meus devaneios ouvindo a conversa sobre mim – Não faz sentido um casamento as presas assim A mulher conversa com a outra me olhando com um certo desprezo, seu tom não é de quem quer guardar um segredo, ela queria espalhar sua teoria equivocada - Além de bonito ainda é honrado, se casar do dia pra noite com uma ninguém- senti vontade de sorri ao perceber que era inveja o que a mulher sentia - Eu fiquei sabendo que ele passou a noite ontem na casa de tolerância – a segunda mulher levou a mão a boca forçando um espanto Quando a garçonete me entregou meu pedido me concentrei apenas na delícia gelada, ignorei as falácias das mulheres, os minutos passaram e o senhor Cobalto não chegava, estava cansada de ouvir as teorias conspiratórias sobre o meu casamento. - Se meu marido aparecer por aqui a minha procura, pode por favor informá-lo que estou na loja de tecidos? – pedi a garçonete que assentiu com um sorriso amigável.






