Alberto
A recepção aconchegante da Clínica Portuguesa parecia uma antessala do inferno para Alberto Darius.
Sentado em uma das poltronas de couro cru da ala privativa, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o olhar fixo no chão, ele sentia como se estivesse suspenso entre o presente e um pesadelo contínuo.
Ao seu lado, Vitório taciturno como sempre e Ícaro, calado e atento, observava as movimentações dos outros presentes, principalmente a sua esposa inquieta. Amélia, em contraste com o marido, andava de um lado para o outro, os saltos estalando no piso de mármore como metralhadoras de tensão. Mesmo com o convite insistente de Ícaro para se sentar, ela recusava, a prima de Sam parecia incapaz de conter a própria tensão.
Tinham vindo assim que ele ligou, desesperado, mal conseguindo descrever o que estava acontecendo. Bastou dizer “Samanta passou mal”, e todos se mobilizaram. Só Lucila não estava ali, porque Vitório mais uma vez escondeu dela o que estava acontecendo.
O médico já havia