Alberto
Alberto Darius deslizou o tablet sobre a mesa de carvalho escuro, olhos vertiginosos fixos na tela onde Tiago acabara de lhe enviar a digitalização do testamento de Leonora Martins. A sala de reuniões, no topo da Acrópole, a torre que levava o nome de seu avô, estava silenciosa, exceto pelo zumbido distante das centrais de ar e o tilintar de uma xícara de café sobre seu pires de porcelana negra.
As cláusulas saltavam aos olhos como armadilhas disfarçadas. Leonora, irmã mais velha de Laura, foi clara. Para Laura assumir a presidência do Grupo Martins e receber sua herança, ela deveria reconhecer Samanta Bastos como sua filha legítima e transferir trinta por cento das ações para ela.
O movimento sorrateiro de Laura não era gesto de arrependimento, como ele suspeitou desde o início; era uma armadilha para conquistar poder e controle. Laura buscava Samanta para manobrar a filha abandonada e, à sombra de seu arrependimento materno, arruinar a sua mulher com promessas fúteis e afeto