Nada fazia sentido quando se tratava de Samanta. A coerência e as certezas desapareciam, não havia um terreno firme e sólido. Depois de tanto tempo, ela ainda era capaz de surpreender com suas atitudes. Essa inquietação era desconcertante. A espera por uma mísera mensagem, qualquer contato de sua mulher seria o bastante para aplacar esse desconforto que lhe tirava a concentração. Mas o dia transcorreu da mesma forma monótona e tediosa. Sufocando Alberto ao extremo do desespero por notícias de Samanta. Olhou para a tela do computador, um novo email piscou na tela. A secretaria havia acabado de encaminhar o contrato com a Cosmus, que ele estava esperando impacientemente. Abriu o contrato, verificando todas as cláusulas e as assinaturas dos envolvidos. Como ele havia previsto, o porco chauvinista do chefe dela havia entregue a campanha para outra publicitária. Mas isso seria resolvido em um instante. Pegou o telefone e ligou para sua secretária, através do telefone de sua
Samanta A rotina na agência estava mais tensa do que o normal, durante o dia todo. Sam não fazia ideia do que estava acontecendo, seu chefe estava gritando com todos que entravam em sua sala e aparentemente ele não estava feliz em descontar só nas mulheres. Sam conseguiu ficar longe das vistas dele o dia todo, mas antes de encerrar o expediente, o senhor Benevides adentrou sua sala, com o rosto tingido de vermelho, e fumaça saindo de seus ouvidos, tamanha sua raiva. - Então você ainda está aqui. – disse num tom de acusação. – Eu tenho que admitir que nunca pensei que era do tipo ambiciosa, Samanta. Mas parabéns, por manipular o senhor Darius para te dar a campanha da subsidiária dele. Sam olhou para ele, desconcertada. O que Alberto fez dessa vez? - Bem, você devia ter me comunicado que o seu envolvimento com Alberto Darius era profundo. Assim eu não teria feito papel de idiota para aquele homem arrogante e inflexível! - Eu não sei do que está falando, senhor Benevides.
O Rabanera era um restaurante que explorava as comidas típicas latinas. Entretanto, não era um lugar elitista; o que fez com que Sam se sentisse mais à vontade nesse ambiente sofisticado, porém descontraído. - Você está realmente maravilhosa hoje. – Gabriel elogiou, assim que o garçom desapareceu com seus pedidos. - Obrigado. – Sam bebericou o malbec de sua taça, desfrutando das notas cítricas e doces. – Me fale de você, Gabriel. Estou curiosa sobre esse homem ousado e interessante. - Oho..- ele sorriu, lhe endereçando uma piscadela. – Se falar comigo assim, vou acabar me apaixonando. – ele buscou a mão dela por sobre a mesa. – Sou um espírito livre e inquieto que nunca se prendeu a convenções. Jamais me casei, não tenho filhos, e a solidão me acompanha com a mesma intensidade com que busco o novo. Ele bebeu um gole de vinho, fazendo uma pausa. - Dizem que sou atrevido e espirituoso, envolto em um véu de mistério que encanta aqueles que se atrevem a se aproximar. – ele riu j
A noite transcorria como um encontro agradável e inesperadamente atraente. Sam estava focada em Gabriel, ignorando seu telefone, que havia tocado algumas vezes. Depois do jantar, ele a levou para um passeio, no jardim do lounge no terraço, com vista para a cidade. O lugar como luz aconchegante era bem intimista. Sam se apoiou no parapeito de vidro, observando o movimento intenso do trânsito e das pessoas na avenida lá embaixo. - E então, como você quer ser apresentada na Masmorra? – ele perguntou, próximo demais, às costas dela. Sam podia sentir a respiração dele em seu pescoço, e o calor de seu corpo enviando ondas por sua pele. Era estranho essa proximidade quase íntima com esse homem desconhecido, mas ela não queria desencorajá-lo agora. - Quero algo que não me prenda a ninguém. Uma posição onde eu possa me apresentar, e também escolher o que me agrada. - Isso é interessante. – as mãos dele seguravam sua cintura. Ela olhou para baixo, observando seus dedos apertaram as
Alberto De longe, ele viu Samanta ignorar suas ligações, entre sorrisos e toques descuidados com Gabriel Avelar. Nas sombras da rua da casa dela, observou sua linda odalisca se despedir com um abraço quente, e um beijo no rosto do homem que mal podia esconder o seu desejo. Seus punhos cerraram. A vontade que tinha naquele momento, era de quebrar cada parte do corpo daquele desgraçado do caralho. Mas ele não poderia se aproximar dela agora, não poderia agir mais como se fosse seu dono. Se quisesse que Samanta voltasse para sua vida, tinha que ser estratégico e convincente. E o simples fato de estar seguindo ela durante um encontro, já provava o contrário. O suor frio inundou suas mãos quando o parasita segurou o rosto dela, não tinha jeito. Se ele pensava que poderia provar o sabor dos lábios dela, estava muito enganado. Estava pronto para nocautear o maldit0, quando ela se afastou, com um sorriso que fez seu coração parar no peito. Por que ela está sorrindo assim para es
Samanta O café já tinha esfriado em sua xícara a muito tempo. Ela olhou para as pessoas que transitavam em frente ao café, pareciam tão ocupados com suas rotinas. O feriado se arrastava para Sam. Ela sempre os passou com ele, Alberto. Nos últimos três dias, ela focou na campanha da Silticom, trabalhando até dormir sobre o computador em casa. Gabriel foi muito compreensivo em entender que não poderia sair com ele até o fim de semana. Foi tão atencioso que ligou várias vezes para saber se ela estava precisando de alguma coisa, e também para confirmar a iniciação dela na Masmorra na próxima sexta. Ele também forneceu o contato de uma designer muito conceituada de artigos sensuais. Madame S. era conhecida por sua criatividade e bom gosto. Seu nome era Katrina, mas ela assinava seus modelos como Madame S. A designer ficou entusiasmada com a ideia de figurino que Sam propôs, e confirmou a entrega até a próxima quinta-feira. - Que cara é essa? – A voz de Amélia interrompeu seus
Alberto O barulho da porta de sua sala se abrindo, sem um mísero anúncio o irritou. Mas ele não se importou em olhar para ver quem invadia o seu escritório. Permaneceu sentado na poltrona alta, escura, olhando para o tabuleiro à sua frente, pensando na próxima jogada. Xadrez era uma arte que ele apreciava muito. O jogo de estratégia e lógica o fascinou na mais tenra idade, e até hoje era algo que usava para organizar seus pensamentos quando eles estavam tumultuados, como agora. - Há quanto tempo está dormindo aqui? – a voz Ticiano o surpreendeu por um breve instante. O assistente de Ícaro, Ticiano Dutra, era seu amigo mais próximo. Eles tinham um passado difícil. Somente ele conhecia partes de sua história que nem mesmo seus irmãos conheciam. Ticiano entrou na vida dos Darius quando Alberto tinha somente quatorze anos. Através de Ícaro, o garoto rebelde da periferia que tinha feito uma escolha errada e foi deixado para morrer, teve uma nova chance na vida. Ele foi o primei
Ticiano olhou para ele por um breve instante acenando com a cabeça em um claro sinal de discordância. Mas não insistiu no assunto. - E então, que papo era aquele quando fui te buscar na boate, mais bêbado que um gambá. - Só bebi um pouco a mais. Os homens que você me arrumou são uns escrotos. Me fizeram ir até lá e depois chamaram umas sete putas para a cabine. - Ei, vá com calma. A equipe de segurança do Tiago é um recurso valiosíssimo. Eles nem mesmo estão no mercado. Teve sorte que eu conheço há muito tempo. Só assim para trabalharem para você; um cara sem nenhum humor, e que não participa das pegações deles. - Ele me chamou até lá para me entregar uma nova informação. Deixei claro que não queria nenhuma mulher na cabine. Mas quando cheguei, ele chamou uma tal de Carlinha e sua amiga Vivi e mais não sei quem. Elas acreditam quando ele fala que é o dono da boate, ficam loucas para agradar. - Ainda bem que ele não conta que a boate é sua. – Ticiano derrubou o peão de Albe