Adrian
A toca estava silenciosa, envolta em sombras e no calor abafado do fogo que crepitava no centro. O ar cheirava a terra úmida e fumaça, misturado ao perfume doce e inconfundível de Elara, que permanecia sentada perto da parede de pedra, as pernas dobradas e os olhos perdidos nas chamas.
Ela parecia tão pequena ali, cercada por tanta história e condenação, e ainda assim, irradiava algo impossível de ignorar — uma presença que atraía o olhar, o instinto, o coração.
Meu pai estava diante de mim, em pé, com o rosto duro e as feições marcadas pelo peso de séculos. O silêncio entre nós era uma lâmina prestes a cortar.
Eu sabia o que viria.
E, ainda assim, não estava pronto para ouvir.
— Você tem noção do que fez, Adrian? — a voz dele saiu grave, arranhando o ar como uma sentença. — Do que colocou em risco?
Olhei para ele, tentando manter o controle, mas o coração martelava dentro do peito como se quisesse rasgar as costelas.
— Eu sei o que fiz — respondi, sem hesitar. — E faria de