Elara
O reflexo ainda queimava nos meus olhos.
Eu não havia planejado. Não havia pronunciado palavras secretas, nem feito gestos que chamassem forças antigas. Mas, diante do espelho rachado, algo dentro de mim despertou — uma centelha que não obedecia à minha vontade. E agora, o silêncio pesado da casa parecia respirar junto comigo, como se todo o ambiente tivesse testemunhado o que eu acabara de fazer.
O colar em meu pescoço pulsava em ondas lentas, como um coração batendo fora do compasso. Eu levantei a mão e o toquei. O metal estava quente, quase vivo. As veias no meu braço formigaram.
— Elara... — A voz de Adrian rompeu o peso da escuridão, baixa, firme, quase como um chamado instintivo.
Meus olhos buscaram os dele. Parte de mim queria fugir, negar tudo aquilo. Mas outra parte, tão profunda quanto o próprio sangue que corria em minhas veias, ansiava pela resposta dele.
— O que eu fiz, Adrian? — minha voz falhou. — Eu só... só gritei. O espelho reagiu... como se me conhecesse. Como