Elara
A noite estava silenciosa demais.
Não o silêncio tranquilo que embala o sono, mas um silêncio pesado, como se a própria terra contivesse a respiração. Ainda podia sentir o gosto dos lábios de Adrian, aquela sensação me dominava e um arrepio percorria meu corpo sempre que pensava no beijo que ele me deu. Mas havia algo que eu não sabia explicar o que me movia, algo além do beijo, uma força me empurrando, um sussurro quase imperceptível dentro de mim, pedindo que eu fosse até o quarto do meu pai..
Empurrei a porta com cuidado. A madeira gemeu, como se protestasse pelo abandono. O cheiro amadeirado tomou meus pulmões, trazendo uma pontada estranha de conforto e dor.
A lua cheia derramava seu brilho pálido sobre os móveis.
Meu pai guardava os pertences da minha mãe em um velho baú. Dizia que não deveríamos mexer naquela arca em hipótese alguma. Dizia que era por respeito a minha mãe. Eu sempre respeitei a vontade dele, porém hoje algo está me atraindo para esse baú, parece estar