Elara
A manhã chegou lenta, arrastada, como se o sol tivesse medo de se erguer depois da noite que me havia sido roubada.
Eu estava viva.
Esse pensamento deveria me trazer alívio, mas em vez disso, só reforçava a lembrança amarga de como por pouco não estive morta. O som do uivo ainda latejava em minha mente, reverberando nos ossos como se fosse parte de mim. Eu ainda sentia o roçar do vento frio quando corri, o estalar dos galhos sob meus pés, o peso da escuridão fechando-se sobre mim como se fosse uma jaula.
O lobo preto.
Fechei os olhos e respirei fundo, tentando convencer a mim mesma de que aquilo havia sido apenas um pesadelo. Mas não era. A marca em minha perna, onde o galho havia arranhado quando tropecei, ainda ardia. As palmas das minhas mãos estavam vermelhas das quedas na terra úmida.
E, acima de tudo, a memória daquilo que vi era clara demais para ser mentira: o lobo preto, olhos faiscando, saliva escorrendo, pronto para me despedaçar.
E depois… ele.
O outro lobo. Branco c