Saryn voltou sozinha aos seus aposentos, os corredores estavam silenciosos e ela se perguntou se todas as noites no Forte dos Lobos eram daquele jeito. Se acostumara com a confusão no covil das bruxas, elas eram barulhentas e escandalosas, estavam sempre discutindo algo ou implicando umas com as outras.
Pensou em Lerya, o Alfa perguntara sobre a bruxa e Saryn simplesmente não conseguiu dizer mais que algumas simples palavras, naquele momento ela sentiu como se sua garganta estivesse se fechando para as verdades óbvias. Ela não conseguiu externalizar que foi o rosto de Lerya que ela viu primeiro ao abrir os olhos deitada na mesa de pedra do covil, ou que foi Lerya quem ficou mais próxima dela e por vezes até a protegeu das outras bruxas. Elas não tinham uma relação amigável mas Saryn não tinha uma relação com qualquer pessoa até então, sentia quase um afeto materno por Lerya, mesmo que a bruxa não pudesse ser mãe de uma loba, ou que ela não agisse como tal. Apesar da proteção, Lerya também era firme e por vezes violenta, Saryn vivia enclausurada no covil e não podia fazer nada sem a permissão da bruxa. Foi Lerya quem trancou Saryn naquela sala quando os lobos atacaram. A bruxa sentiu eles atravessarem as barreiras mágicas e rapidamente obrigou Saryn a tirar toda a roupa, cortou a própria mão e desenhou um símbolo entre os seios da loba, quando Saryn questionou ela disse apenas “Estou selando você, queridinha” e até agora a loba não entendeu o que aquilo significou. Quando chegou ao quarto, Saryn deitou sem cerimônias, a cama era extremamente confortável e seu corpo implorava pelo descanso, mesmo que tenha ficado inconsciente boa parte do dia. Seus olhos logo ficaram pesados e ela pegou no sono. Ela sentiu o lado esquerdo do colchão abaixar e assustada se deparou com uma silhueta se assomando sobre ela. A loba estendeu os braços e empurrou seja quem fosse para longe, mas o peitoral que encontrou era firme como uma rocha e apesar dos seus esforços, a pessoa não moveu um músculo. Como mágica o rosto do homem foi vencendo a penumbra e ela pôde discernir aquelas feições. Era ele. — Alfa? — Você pode me chamar de Cassian. — Ele disse com a voz rouca. Saryn sentiu arrepio subirem pelas coxas onde o homem estava com um dos joelhos. De repente ela ficou muito ciente do calor que emanava do corpo dele. — O que... o que faz aqui? — Não consigo parar de pensar em você. — Respondeu ele. — Me diga, você também pensa em mim? Ele roçou o nariz no pescoço dela e Saryn deixou escapar um gemido baixo. Não sabia o que responder nem como agir, mas seu corpo parecia muito interessado na ideia do Alfa sobre ela. Cassian baixou mais o corpo e sentiu os mamilos duros de Saryn contra seu peitoral. — Diga que pensa em mim, Saryn — ele falou beijando embaixo da orelha dela. — Diga que é minha e que não estou ficando louco. — Alfa... — Ela sussurrou meio gemendo. — Cassian. — Disse mais firme. — Me chame de Cassian por favor. — Cassian, eu... — Ela não conseguia completar um único pensamento enquanto as mãos dele passeavam por baixo de sua blusa. Quando os dedos dele finalmente encontraram os peitos eriçados de Saryn, foi como se um peso de toneladas fosse tirado de cima dela. Ela precisava daquele toque e permitiu que ele agarrasse, apertasse e amaciasse como preferisse. Entre gemidos, ela achou ter ouvido Cassian dizer algo como “Posso, por favor?”, e em resposta ela o ajudou a levantar sua blusa. O homem abocanhou um dos bicos rosados enquanto puxava o outro com os dedos. Saryn se contorceu de prazer e puxou seu rosto para ainda mais perto. Queria mais contato, queria a boca dele em todas as partes de seu corpo com urgência, por isso o puxou de volta pra si. — Linda. — Ele disse beijando a testa dela. “Linda” e mais um beijo na têmpora. “Linda”, dessa vez na bochecha. “Linda”, na ponta do queixo. “Linda” e tomou a boca dela como quem sentia fome infinita, a língua dele se apossou da dela e em resposta Saryn ergueu o quadril e encontrou o membro duro de Cassian, ele rosnou baixando ela de volta. — Calma, lobinha. Mas não existia mais calma, Saryn nem sequer sabia o que isso significava, ela sabia apenas que precisava que aquele homem acabasse com a agonia que ela sentia entre as pernas. — Não me torture mais. — Ela implorou. — Estamos apenas brincando, queridinha. Saryn sentiu como se levasse um choque. Queridinha, a voz de Cassian soava diferente agora, mais feminina. Queridinha, era como se ela fosse puxada de volta a realidade e quando olhou de novo não era mais o Alfa em cima dela, era Lerya e ela tinha uma adaga retorcida nas mãos. — Não! — Ela gritou. — Por favor, não! Saryn sentiu o corpo ser chacoalhado e já não entendia o que estava acontecendo, era um terremoto? Um feitiço de Lerya? Mas onde estava ela? Havia sumido num piscar de olhos mas Saryn teve a impressão que ainda estava gritando. — Saryn, acorde! — A voz distante ficou cada vez mais nítida. — É um pesadelo! Quando ela finalmente abriu os olhos estava ofegante, suada, mas o mais importante, Lerya não estava em lugar nenhum. Fora apenas um pesadelo. — Você está bem? — A voz perguntou. Aos poucos a visão dela se acostumou com a iluminação fraca do quarto e enfim reconheceu o Alfa que aninhava seu corpo como se ela fosse uma criatura indefesa. Naquele momento Saryn sentiu suas bochechas esquentarem porque minutos antes estava sonhando com aquele mesmo homem fazendo obscenidades, e verdade seja dita, só parou porque o sonho se transformou em um pesadelo horrível. — Estou bem... e-eu tive um pesadelo. — Falou timidamente. — Percebi. — Cassian deixou um sorriso brotar nos lábios. — O andar todo deve ter notado na verdade. Saryn levou as mãos ao rosto e teve vontade de se jogar da janela daquele quarto, tamanha vergonha que sentia. — Tudo bem, Saryn. — Ele disse. — Essas coisas acontecem, não é motivo para vergonha. — Você nem imagina... — Quer me contar então? “Claro que não!”, ela pensou, pelo menos não a parte que envolvia o pau dele duro, mas a verdade é que Saryn queria contar que foi com Lerya que teve o pesadelo, por algum motivo ela sentia que isso era importante mas quando tentou, as palavras ficaram engasgadas e novamente ela não conseguiu sequer pronunciar o nome da bruxa. Cassian, interpretando que ela não queria comentar, apenas assentiu e levantou-se. — Se quiser posso dormir aqui. — O que?! — Saryn disse abruptamente. — Calma, posso ficar aqui na poltrona. — Ele apontou para o móvel no canto de quarto. — Se achar que vai se sentir mais segura. — Mas e você, não vai dormir? — Eu não costumo dormir bem a noite de qualquer forma. — Disse já se acomodando. — Vai ser bom ter um motivo para estar acordado. Os dois trocaram olhares até que Saryn finalmente voltasse a pegar no sono, em algum momento, por um milagre, Cassian sentiu a cabeça tombar para o lado e ele ser arrastado para um sono tranquilo. Mas não antes de falar baixinho para uma Saryn já adormecida: — Boa noite, minha Luna.