Cassian estava só. No alto da torre, o vento frio se esgueirava entre as pedras antigas, trazendo o cheiro úmido da floresta além dos muros da alcateia. A lua cheia brilhava intensa, uma esfera prateada que parecia observar tudo e nada ao mesmo tempo. Ele apoiou as mãos no parapeito, sentindo o peso de cada segundo naquela noite que nunca parecia ter fim.Há cinco anos, naquela mesma noite, ele perdera tudo. Sua Luna, sua metade, desaparecera em meio ao caos, engolida por uma escuridão que ele nunca conseguiu enfrentar de verdade. Cassian fechou os olhos, tentando afastar a lembrança confusa, o fogo, os gritos, o cheiro de sangue que não saía de sua pele. Não sabia se ela morrera ou fora levada, só sabia que ele ainda a buscava, mesmo que no fundo soubesse que aquele vazio jamais seria preenchido.Um uivo distante cortou o silêncio, um som antigo que atravessou o ar gelado e penetrou seu peito. Cassian estremeceu, como se uma chama invisível tivesse sido acesa em suas entranhas. O som
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