(POV Selene )
O silêncio da cabana de Elias não era silêncio de paz.
Era silêncio de faca prestes a cortar.
O cheiro dele estava em todo lugar: ferro, couro, fumaça e algo mais fundo, que eu não conseguia nomear, mas que me puxava como ímã. O espaço era pequeno demais, sufocante demais, e o olhar dele em mim era como fogo contido, pronto para explodir.
— O que você está fazendo aqui? — ele rosnou, a voz grave, carregada de raiva. Não raiva qualquer, mas aquela que arrasta junto coisas que ninguém admite em voz alta.
Fiquei parada, firme, mesmo que meu corpo inteiro gritasse para recuar. O ombro latejava sob a bandagem, mas não era a ferida que queimava mais forte. Era o elo. Esse maldito elo que não me deixava respirar longe dele.
— Não vou mais fugir de você. — minha voz saiu firme, mesmo com a garganta apertada. — Não vou.
Ele avançou um passo, e eu senti a presença dele como um golpe. Elias tinha aquele jeito de caçador: não precisava encostar para atravessar pele, carne e osso.
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