(POV Selene )
O silêncio da madrugada ainda se agarrava à clareira, pesado como manto encharcado. A fogueira era só brasa, e o frio se infiltrava pela pele como se quisesse me lembrar de que eu estava viva — e ferida. O ombro latejava debaixo da bandagem, mas não era a dor física que mantinha meus olhos abertos.
Era o peso do que Caelan dissera.
As palavras dele, cuspidas rente ao meu rosto, ainda queimavam dentro de mim: “Se você morrer, eu destruo este mundo inteiro.”
Era ameaça. Era promessa. Era loucura.
E, de alguma forma, também era proteção.
Fechei os olhos, mas a lembrança voltou em imagens: a sombra dele avançando, o selo queimando entre nós, os olhos escuros colados nos meus como se quisessem arrancar respostas que eu não tinha. O ódio que tremia na voz dele não era só ódio. Era mais fundo. Mais perigoso.
Eu queria odiar também. Queria cuspir de volta que não pedi nada daquilo, que não pedi corrente, não pedi fardo. Mas quando a boca abriu, não saiu nada. Porque a verdade er