(POV Selene)
O silêncio daquela noite não era o mesmo das outras.
Era vivo.
Latejava junto com o selo.
Eu estava deitada no colchão improvisado, os olhos abertos, fitando as sombras que dançavam no teto. Meu corpo ainda queimava da madrugada anterior, quando o selo tinha pulsado até iluminar toda a caverna. Mas agora era diferente. Não era só calor. Não era só energia.
Era fome.
E não era só minha.
Eu sentia.
Cada respiração deles.
Cada olhar que não se escondia.
Cada desejo contido à força.
Dorian sentado perto da porta, imóvel, mas o fogo nos olhos me queimava de longe.
Ronan afiado no canto, a lâmina esquecida no chão, como se nem o aço fosse suficiente para distrair seu corpo do meu.
Caelan largado na mesa, mas o sorriso preguiçoso e venenoso denunciava que ele esperava exatamente o que ia acontecer.
O selo brilhou no meu pulso, mais forte, mais rápido, como coração fora do compasso.
E eu entendi.
Não dava mais para fugir.
Nem para eles.
Nem para mim.
Levantei devagar, o cobertor