(POV Dorian)
O silêncio da manhã tinha peso.
Não era o mesmo silêncio da noite, cheio de gemidos, gritos e da explosão de poder que tinha quase derrubado o galpão.
Era outro.
Denso.
Cheio de respostas que eu não podia mais adiar.
Selene dormia encolhida no colchão improvisado, o corpo nu coberto apenas por um cobertor gasto. Os cabelos desgrenhados se espalhavam pelo travesseiro improvisado, a boca entreaberta, a respiração calma demais para alguém que tinha feito o que ela fez horas atrás.
Eu a observei por longos minutos.
Meu lobo, pela primeira vez em anos, estava em paz.
Não rosnava, não pedia sangue. Só repetia uma palavra, como se fosse a única verdade que importava:
Luna.
Passei a mão devagar pelo rosto dela, afastando uma mecha de cabelo colada de suor seco. O calor que percorreu minha pele com esse simples toque me lembrou de que não tínhamos mais tempo.
O despertar dela já tinha acontecido.
E com isso, o mundo inteiro a sentiu.
— Selene… — murmurei, a voz grave, mas baixa, s