(POV Ronan)
O sol já estava alto quando começamos. O depósito era abafado, o ar denso de poeira e calor, mas Selene queria treinar. E eu não sou homem de recusar luta, ainda mais quando é ela quem pede.
Ela estava suada, o cabelo grudado na testa, a respiração rápida. Os olhos mel faiscavam de determinação, como se nada mais existisse além de acertar meus golpes. A cada avanço, a cada soco que errava por um fio, eu percebia: ela aprendia. Rápido demais. Rápido o suficiente para incomodar até um soldado calejado.
— Mais firme. — rosnei quando ela deixou o ombro frouxo. — Não levante o cotovelo. Mantenha o braço baixo.
Ela bufou, limpando o suor da testa com o braço. — Você reclama de tudo.
— Porque você ainda tá mole. — provoquei, estreitando os olhos. — Pedra não quebra fácil, estrelinha.
— Mas até pedra se despedaça. — retrucou, antes de avançar outra vez.
Ela veio mais rápido do que antes, os pés batendo no cimento, o corpo leve, ágil. O choque dela contra o meu me pegou de surpresa