(POV Dorian)
A noite tinha cheiro de terra molhada e pele quente.
O depósito estava mergulhado em escuridão, mas eu via tudo. Eu sempre via.
Selene estava entre nós. O corpo dela respirava no ritmo da lua, cada suspiro marcado pelo selo que latejava sob a pele. A cada pulsar, meu próprio sangue respondia. Era tortura e promessa.
Do lado esquerdo dela, Caelan roncava baixo, um sorriso de veneno ainda grudado no rosto, mesmo dormindo. Ronan, rígido, tinha se rendido ao sono mais cedo, mas ainda segurava a lâmina junto ao peito. Pedra nunca solta o aço.
E eu?
Eu não dormia.
Alfa não dorme quando há algo a perder.
E ela era tudo o que podia ser perdido.
A cada vez que ela se movia no sono — um suspiro, um gemido baixo, o corpo se mexendo contra o meu — eu sentia o lobo em mim rosnar. Não era contra ela. Nunca seria. Era contra o mundo. Contra o destino. Contra os dois ao lado dela, também.
Dividir não é natural para um lobo.
A fêmea é única.
O elo é único.
Mas o selo não perguntou o que e