(POV Selene)
O sono não veio. Nem por um segundo. Fiquei deitada, mas era como tentar dormir sobre brasas. O selo pulsava no pulso como se tivesse coração próprio, cada batida mais forte, mais íntima. Fechei os olhos, mudei de posição, cobri a cabeça — nada. O silêncio do depósito tinha um peso que me esmagava.
Cada estalo do metal era uma ameaça. Cada sopro do vento pelas janelas quebradas parecia chamar meu nome. Eu sabia que era paranoia. Só que, desde o ritual, até o silêncio respirava comigo.
Quando o dia clareou, eu já estava de pé.
Ronan foi o primeiro a aparecer. Ombros largos, olhar duro. Ele não precisava falar para impor respeito. Apenas jogou uma garrafa de água na minha direção.
— Vai treinar de novo. — A voz grave não admitia discussão. — O corpo aprende antes da mente.
Segurei a garrafa, mas não respondi. O corpo inteiro tremia, cansado e elétrico ao mesmo tempo.
Logo depois veio Dorian. Ele não precisou falar nada. Ficou ali, me encarando, cada gesto meu pesando