(POV Selene)
A noite não esperou por mim. Quando deixamos o depósito, a lua já estava no céu, enorme e prateada, como um olho observando cada passo. O vento carregava o cheiro da floresta — terra molhada, folhas, e algo metálico que grudava na língua como sangue.
Ronan ia na frente, os pés certeiros, o corpo se movendo em silêncio absoluto, como se fosse parte da mata. Dorian vinha logo atrás, perto demais, cada respiração dele queimando na minha pele. Caelan, claro, não parava de rodar a adaga entre os dedos, cantarolando uma música sem letra, um deboche contra a tensão.
— Campo aberto. — murmurou, com um brilho faminto nos olhos. — Nada como um palco de lua para um primeiro espetáculo.
— Isso não é espetáculo. — Ronan rosnou, sem virar. — É sobrevivência.
— Tudo depende do olhar. — Caelan sorriu. — Eu gosto de ver como ela dança quando está prestes a cair.
Meu estômago revirou. Eu queria responder, mas a língua parecia colada.
Foi quando Dorian encostou de leve na minha mão. S