(POV Selene)
A marca no chão ainda queimava na minha mente: a lua mordendo o próprio rabo, e no centro o meu sangue. Eu não conseguia fechar os olhos sem enxergar o desenho.
— Hoje a gente não espera. — Ronan disse, amarrando o cabelo com um elástico surrado. Sua voz era pedra arrastando. — Eles já mostraram que sabem onde estamos. Agora vamos até eles.
Dorian não contestou. Apenas me olhava, como quem mede vento antes da tempestade. Caelan sorriu como se fosse aniversário dele.
— Três contra uma alcateia? — ironizei, tentando esconder o frio no estômago.
— Quatro. — Dorian corrigiu, sem hesitar. — Você conta.
Deveria me sentir honrada. Só senti medo. E algo a mais, mais fundo, mais perigoso. O selo pulsava como se concordasse com ele.
Saímos pelos becos da zona morta da cidade. O concreto rachado cheirava a mofo, e cada sombra parecia viva. Ronan ia na frente, passos firmes, olhos atentos a cada detalhe. Dorian caminhava tão perto que o calor dele queimava meu braço. Já Caelan…