(POV Dorian Hale)
O vento da montanha vinha carregado de cinzas e cheiro de ferro.
Não era apenas o sangue dos caçadores — era o nosso.
O preço que se paga quando o mundo insiste em sobreviver.
A fenda estava silenciosa.
Os lobos dormiam espalhados pelo chão de pedra, corpos exaustos e feridos, almas marcadas por perdas que ainda nem tiveram tempo de entender.
Eu não dormia.
Alfas raramente dormem.
A mente não deixa.
A lua pendia acima, enorme e quase vermelha, o que nunca era bom sinal.
Quando ela sangrava assim, significava que outro ciclo terminava — e outro, mais cruel, estava para começar.
Selene estava de pé na beira da fenda.
O vento brincava com o cabelo dela, e a luz prateada pintava sua pele com o brilho de uma lâmina.
Parecia tão distante… mas cada batida do coração dela ecoava no meu.
O selo fazia isso — aproximava o que o medo tentava afastar.
Caminhei até ela.
As pedras rangiam sob minhas botas, e ainda assim ela não se virou.
Acho que sabia que era eu.
Selene sempre sab