A noite caiu sem cerimônia, pesada como lã molhada.
O vale inteiro parecia prendido entre dois silêncios: o que vinha do rio seco… e o que vinha do Sul.
Helena mal havia dormido, mas se recusava a demonstrar cansaço.
Kael estava na torre leste, observando o horizonte, corpo rígido, como se esperasse algo chegar pelo ar.
Lyria dormia no quarto, exausta pelos esforços do dia anterior — repetir nomes, segurar memórias, costurar laços invisíveis não era tarefa leve para uma criança com dons.
Sigrid rondava as muralhas.
Ronan ajeitava flechas.
E ainda assim… algo faltava.
Algo que Helena não conseguia nomear.
Até que o sino tocou.
Uma vez.
Só uma.
Mas bastou.
Não era o sino do portão.
Não era o sino interno.
Era o sino da fronteira, posicionado no limite onde o território do Norte toca o terreno neutro — um sino que ninguém devia conseguir tocar sem autorização.
Helena e Kael ouviram ao mesmo tempo.
Ele desceu a escada tão rápido que quase quebrava os degraus.
Helena correu para o pát