O corpo do mensageiro havia sido retirado do pátio, mas o ar permanecia estranho, pesado, como se o silêncio dele ainda estivesse ali, pairando entre as pedras.
Helena passou a madrugada acordada, reorganizando a casa, dando ordens, preenchendo lacunas que nem existiam, só para impedir a mente de revisitar a última frase dita pelo homem de vidro através daquele pobre infeliz.
Kael não dormiu.
Andava.
Só andava, como fera enjaulada que tenta encontrar de onde vem o cheiro do inimigo.
Quando a manhã finalmente despontou, ninguém comemorou.
Parecia apenas mais um pedaço de espera.
Lyria acordou quieta.
Não assustada, não chorosa — apenas pensativa.
Helena, que a observava de longe, estranhou. A menina sempre reagia ao amanhecer como se ele fosse velho conhecido.
— Dormiste bem? — Helena perguntou, estendendo a mão.
Lyria segurou, mas demorou a responder.
— O silêncio dele está menor hoje.
Helena travou.
— Menor como?
A menina aproximou-se da janela e apontou para o vale.
— Quando ele t