Vieram embrulhados em pano fino, como presentes de casamento.
Espelhos leves, molduras brancas, vidro que não tinha onda.
Pendurados nas casas ao amanhecer, ninguém sabia dizer quem deixara.
No dorso de cada moldura, um selo pequeno: três linhas, um ponto, sem falha.
— Conselho do Sul — rosnou Sigrid, ao encontrar o primeiro. — Agora querem arrumar rosto.
Erynn passou o dedo no vidro.
A imagem que voltou não era mentira total — era polida: rugas amansadas, marcas arredondadas, cicatrizes recuadas um palmo.
— Isso não conta história — disse, enjoada. — Isso passa pano.
No Bico de Neve, a velha Alaíde sorriu para si e não se reconheceu: os dentes apareciam iguais, o olho sem catarata, o nariz obediente.
— Eu nunca fui essa mulher — murmurou, triste sem saber.
A neta, curiosa, levou a mão ao vidro.
Os dedos não embaçaram.
— Não respira — concluiu, séria.
Brenno trouxe um embrulho maior, pesado de silêncio.
— Achamos no Vale Raso, encostado no altar — disse, desconfiado.
Era um