O som do último batimento ecoou por todo o vale.
Depois, veio o silêncio — profundo, puro, insuportável.
A lua clareou, lavando o sangue da noite anterior.
E no centro do altar de gelo, onde o corpo de Helena caíra, havia agora apenas luz.
Não havia ferida, nem sombra.
Somente uma forma translúcida, feita de calor e calma.
Kael ainda estava ajoelhado.
A espada jazia caída ao lado.
Os dedos dele, manchados da luz que antes era sangue, tremiam.
Erynn tocou seu ombro.
— Levanta, Alfa.
Ele balançou a cabeça.
— Não posso.
— Ela escolheu.
— Eu devia ter escolhido por ela.
— Isso teria tirado o sentido da escolha.
O vento soprou, leve.
Um fio de cabelo de Helena, dourado, dançava no ar.
Kael o segurou com cuidado, como se tocasse um milagre.
A cicatriz em sua garganta brilhou uma última vez — e apagou.
Na fortaleza, Aren acordou de um pesadelo.
O corpo suava frio, o peito doía como se tivesse perdido metade de si.
Correu até a entrada, tropeçando.
Os lobos no caminho o obs