O amanhecer chegou leve, sem vento.
A neve dormia sobre o vale como véu.
O Norte, pela primeira vez em eras, parecia respirar em compasso humano.
Kael caminhava entre as ruínas da antiga fortaleza.
As paredes de gelo refletiam o sol nascente, tingidas de dourado.
Cada passo dele deixava uma marca que logo se desfazia, como se o chão não quisesse prendê-lo.
Erynn o observava de longe.
Sabia que o Alfa não falaria mais.
Não por castigo — mas por escolha.
Desde o sacrifício de Helena, ele não pronunciava uma palavra.
Tinha recuperado a voz no instante em que ela se tornara luz, mas decidira guardá-la.
Para ele, falar era profanar o silêncio que ela havia criado.
Aren aproximou-se, envolto num manto cinzento.
Os olhos dele, dourados como o nascer do dia, ainda brilhavam com traços do reflexo.
— Pai.
Kael o olhou, sorrindo.
O menino sorriu de volta.
— Ainda não falas?
Kael negou com a cabeça e escreveu com o dedo sobre a neve: “As palavras pesam mais do que a luz.”
Aren leu e