De manhã cedo, o vale tinha cheiro de pão no braseiro e ferro úmido.
A ponte avançara outro palmo, e o Altar de Escuta devolvia ao ar um suspiro manso, como quem aprende a respirar com casa.
Quando o sol bateu no leste, Silas Morel voltou.
Sem o Curador. Sem a juíza.
Trazia apenas dois escribas, um capelão de manto fino e um cofre pequeno, pesado de chaves.
— Venho sozinho, para tratar com sangue — anunciou, contido. — Trago a Lei de Família: perdão mediante retorno e dote de reparo.
A palavra perdão fez barulho na pedra.
Helena saiu do andaime com as mãos sujas de pó.
— Perdão que compra? — perguntou, como quem mede sal com dois dedos.
Silas não piscou.
— Perdão que paga o mal que fizeste: tua fuga quebrou alianças e abriu estrada para Dravon.
Apontou o cofre.
— Dinheiro para a ponte.
Apontou o capelão.
— Testemunha de absolvição.
Apontou os escribas.
— Registro.
Por fim, apontou o próprio peito.
— E meu nome por cima do teu, como deve.
Sigrid pigarreou um riso sem dente