A noite caiu, mas o Norte não dormia.
As montanhas respiravam.
Os rios murmuravam frases sem língua.
E o gelo, quando se partia, soava como um coro de vozes antigas, chamando o nome de quem as ouvia.
Aren estava sentado à beira do abismo, os pés nus sobre o gelo.
A lua refletia no rio congelado, e o reflexo dela se movia — mesmo sem vento.
— Eu sei que estás aí — murmurou.
O eco respondeu:
— E eu sei que tu ouves.
A voz vinha de todos os lugares.
Às vezes soava como o pai.
Às vezes como a mãe.
Às vezes, como o silêncio.
— Por que me chamas? — perguntou Aren.
— Porque és feito do mesmo material que eu — disse o Norte. — Pedra e sangue, eco e promessa.
Ele fechou os olhos.
Podia sentir o chão pulsando.
A cada batimento, uma palavra se formava sob sua pele.
Respira comigo.
O vento soprou, frio e lento.
O corpo de Aren vibrou junto.
E, pela primeira vez, ele sentiu a terra como se fosse carne viva.
Na fortaleza, Kael caminhava inquieto.
Erynn o observava em silêncio, as mã