Desejos Ocultos nas Sombras

O bar estava quase vazio quando Isabela entrou, uma lufada de ar fresco em meio ao ambiente abafado. O cheiro de álcool e fumaça de cigarro impregnava o espaço, mas não era isso que a fazia hesitar na entrada. Na verdade, era a sensação de que estava prestes a cruzar uma linha invisível — um território onde a verdade e o perigo dançavam uma valsa arriscada.

Ela passou os olhos pelo local até fixar-se em um canto iluminado por uma luz amarelada, onde um homem de traços marcantes a observava. Rafael Montenegro. A primeira impressão que teve dele foi de um predador em um mundo de presas. Seus olhos, de um verde profundo, pareciam vasculhar a alma de quem ousasse encará-lo.

— Você chegou. — A voz dele era baixa e envolvente, quase um sussurro que se misturava ao murmúrio distante dos poucos frequentadores.

Isabela hesitou um instante, o coração acelerado não apenas pela adrenalina da investigação, mas pela atração que sentia por ele. Aproximou-se da mesa, e Rafael inclinou-se levemente para a frente, como se fosse compartilhar um segredo.

— Tem certeza de que está pronta para saber o que eu tenho a dizer? — perguntou, com um sorriso enigmático que poderia facilmente ser confundido com desprezo.

Isabela fixou o olhar nele, lembrando-se da razão pela qual estava ali. A busca pela verdade não era apenas uma questão de profissão; era uma necessidade visceral. Sua determinação cresceu e, em vez de recuar, respondeu com firmeza:

— Não estou aqui para ouvir histórias, Rafael. Quero fatos.

Ele arqueou uma sobrancelha, admirado. Isabela percebeu que havia algo mais profundo por trás daquela fachada de desdém. Nos olhos dele, uma chama ameaçadora, mas que também prometia algo excitante e desconhecido.

— Fatos, é? — Ele se recostou na cadeira, avaliando-a. — Então, vamos direto ao ponto.

Os minutos seguintes foram preenchidos por uma troca ágil de informações, cada um tentando decifrar o outro. Rafael falava de seus contatos no submundo, enquanto Isabela revelava algumas das pistas que havia descoberto. Mas havia também uma tensão palpável entre eles, uma conexão que transcendia a conversa. Isabela se viu lutando contra a vontade de se perder nos olhos dele, de se deixar levar pelos desejos ocultos que começavam a emergir.

— Você sabe que está se colocando em risco, não é? — Rafael interrompeu, a voz agora mais grave. — Não é apenas uma questão de jornalismo. Isso é vida ou morte.

Isabela sorriu, desafiadora.

— E você? Está apenas me ajudando, ou tem algo a ganhar com isso?

Ele a observou por um momento antes de responder:

— A verdade é que estou emaranhado nesse mundo, assim como você. E talvez... haja algo mais que me interesse.

O clima ao redor mudou. O bar, com suas paredes de madeira escura e música suave de fundo, parecia se dissolver, deixando apenas os dois no centro de uma tempestade de emoções não ditas. Isabela sentiu o calor subir ao rosto — um misto de medo e excitação. Cada palavra trocada era como um passo em direção a um abismo que a atraía irresistivelmente.

— O que você quer, Rafael? — ela perguntou, apertando os lábios, tentando esconder a vulnerabilidade que começava a surgir.

— Quero que me ajude a encontrar a verdade. Mas também quero que saiba que confiar em mim pode ser um erro. — A sinceridade na voz dele a surpreendeu.

Um silêncio carregado se instalou entre eles. Isabela não podia negar que a presença dele a intrigava, mas também sabia que se envolver com Rafael era arriscado. O desejo e a razão lutavam dentro dela, uma batalha silenciosa que poderia mudar o rumo de sua vida.

De repente, um barulho estrondoso rompeu a tensão. Um grupo de homens entrou no bar, rindo e falando alto. Isabela e Rafael trocaram um olhar rápido, e suas expressões ficaram sérias. A atmosfera densa da conversa anterior se dissipou, substituída por uma urgência palpável.

— Precisamos sair daqui. Agora. — Rafael disse, levantando-se de imediato.

Isabela não hesitou. Seguiu-o, sentindo a adrenalina disparar novamente. Enquanto saíam do bar, uma parte dela se perguntava se conseguiria encontrar o equilíbrio entre a busca pela verdade e os desejos ocultos que surgiam nas sombras de sua mente.

A noite ainda estava longe de acabar, e o caminho à frente prometia não apenas perigos, mas revelações que poderiam mudar tudo.

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