Isabela Duarte estava em movimento, a adrenalina pulsando em suas veias. Ela atravessava as ruas movimentadas de São Paulo, o som dos carros e a agitação das pessoas se misturavam em um turbilhão de vida urbana. Com o gravador em uma mão e um bloco de anotações na outra, ela se sentia viva, como se estivesse à beira de descobrir uma verdade que poderia abalar as estruturas do mundo ao seu redor.
— Isabela, você não pode estar falando sério! — Tânia Lima, sua melhor amiga e colega de trabalho, a seguia, tentando acompanhar o ritmo frenético. O riso nervoso da amiga ecoava entre as paredes de concreto. — Você realmente acha que vai conseguir se infiltrar nesse cartel de armas sem que eles percebam? — É exatamente isso que eu pretendo fazer. — Isabela respondeu, um sorriso determinado nos lábios. — Se eu conseguir provar que eles estão contrabandeando armas para as favelas, posso expor toda a rede. Isso pode mudar tudo! Tânia parou, o olhar cético fixo em Isabela. — E você acha que eles vão deixar você sair dessa? Já viu o que aconteceu com aqueles que cruzaram o caminho deles. É perigoso demais! Isabela ajustou o cabelo, um gesto nervoso que traiu sua confiança. — Eu sei. Mas alguém precisa fazer isso. Alguém precisa expor a verdade. Enquanto continuavam seu caminho, a mente de Isabela divagava. Ela se lembrava da primeira vez que ouvira falar do cartel: a história de um amigo, um jornalista que havia desaparecido enquanto investigava. O pensamento a consumia. O fogo da verdade queimava dentro dela, e era sua missão acender essa chama, não importava o custo. Ao se aproximar de um bar discreto no centro da cidade, Isabela sentiu uma presença. Seus instintos a alertaram. Havia algo naquele lugar, uma energia palpável que a fazia hesitar. Era ali que ela se encontraria com uma fonte anônima que prometera informações sobre o cartel. Com um último olhar para Tânia, que parecia mais preocupada do que nunca, Isabela entrou. O interior do bar era escuro, iluminado suavemente, o que tornava os rostos indistintos. A música era uma mistura de samba e rock, criando um ambiente vibrante, mas carregado de tensão. Isabela caminhou até o fundo, onde uma figura encapuzada a esperava. — Você é Isabela? — a voz era firme, mas havia algo de inquietante nela. — Sim. Você tem informações sobre o cartel? — Isabela respondeu, tentando manter a calma, apesar do frio na barriga. — Não aqui. — O homem olhou ao redor, como se estivesse avaliando a situação. — Precisamos sair. Eles podem estar nos observando. Antes que Isabela pudesse reagir, uma mão firme segurou seu braço. Ela se virou rapidamente e se deparou com um homem alto e musculoso, de olhar intenso e penetrante. — Você não deve estar aqui — disse ele, a voz baixa e ameaçadora. Isabela reconheceu o nome instantaneamente: Rafael Montenegro. O ex-militar que operava nas sombras, conhecido por manipular informações como ninguém. Uma lenda no submundo do crime — e agora estava bem diante dela, como um espectro que surgia entre o fogo e a verdade. — Você está colocando sua vida em risco. — A preocupação em seus olhos contradiz sua postura impassível. — Se se envolver com isso, não haverá volta. — Eu não posso ficar parada. A verdade precisa ser descoberta. — Isabela desafiou, o coração acelerando com a presença dele, em uma mistura de medo e atração. — Então você precisa de um guia. — Rafael disse, a voz baixa e grave, como se fosse uma promessa. — Se quer realmente isso, eu posso ajudar. Mas precisa estar preparada para o que vem a seguir. Isabela hesitou. O fogo da verdade ardia em seu interior. Aceitar a ajuda dele significava mergulhar ainda mais fundo no abismo. Mas algo incontrolável a atraía para ele — uma mistura de curiosidade e desejo. — Estou pronta. E assim, com o fogo da verdade ardendo entre eles, Isabela deu o primeiro passo em um jogo perigoso, onde cada movimento poderia ser fatal. Ela mal sabia que essa jornada não apenas revelaria os segredos do cartel, mas também acenderia uma chama inesperada em seu coração.