A batida na porta é seca, impaciente.
Celina ergue os olhos da colcha ainda amarrotada da noite anterior. Suspira, se levanta devagar, ajeitando os cabelos rebeldes atrás da orelha, a dor no corpo mais branda agora, mas ainda presente. Quando abre a porta, encontra Kaito parado com duas malas preta em cada mão e uma sacola branca pendurada no braço. A expressão dele é entediada, o fone de ouvido ainda pendurado no pescoço.
— Suas tralhas — ele diz, largando as malas encostadas no batente.
— Hm... — Celina hesita. — Trouxe tudo?
— Sim, mulher. Cadê meu “muito obrigada, Kaito, se não fosse por você eu não teria minhas coisas de volta?
Celina ergue uma sobrancelha, como se aquilo fosse absurdo.
— Agradecer? — Cruza os braços. — Eu que deveria ouvir “muito obrigado, Celi, se não fosse por você, estaríamos endividados agora”.
E antes que ele possa retrucar, ela fecha a porta na cara dele com um estrondo abafado.
Kaito revira os olhos, bufando alto, ofendido.
— Ingrata — resmunga, voltando