A chuva começou de madrugada. Grossas gotas batiam contra o vidro panorâmico do edifício Genevesse, escorrendo em linhas tortas, como se a cidade chorasse em silêncio.
Do alto, o trânsito parecia uma serpente de luzes vermelhas; cada farol refletia a mesma cor do sangue que corria invisível nas veias das seis famílias.
Isabela estava de pé diante da janela, o casaco negro cobrindo o corpo magro. Os cabelos, agora soltos, caíam sobre os ombros, molhando o tecido.
O reflexo no vidro mostrava um rosto sereno — mas os olhos, de um verde profundo, denunciavam a tempestade que girava dentro.
Nicole entrou sem anunciar. — A mensagem é legítima. Veio do terminal pessoal de Arthur.
Isabela respondeu sem se mover: — Então ele ainda tem coragem.
— Ou desespero.
— É a mesma coisa, às vezes.
Nicole caminhou até ela, olhando a cidade abaixo. — Você realmente vai?
— Fui eu quem marcou o encontro, lembra? — Isabela virou-se, um meio sorriso. — Só estou devolvendo a iniciativa.
— E se for uma armadilh