Com um gesto, Gabriela abriu o canal de comunicação privada.
O vidro diante dela se iluminou em tons de âmbar, piscando três vezes — transmissão encriptada.
O sistema avisou:
“Destinatário: Luana Monteiro. Status: sinal não confirmado. Última atividade detectada há 21 dias.”
Gabriela manteve o olhar fixo no vazio da tela.
Ela sabia que a filha estava viva. Sabia também que Luana a observava, mesmo que à distância.
Era o tipo de silêncio que a matriarca conhecia bem — o de quem aprendeu a esconder a própria raiva até o momento certo de usá-la.
“Canal seguro ativado. Mensagem de voz ou visual?”
“Visual,” respondeu Gabriela.
O holograma cintilou, distorcido, e depois estabilizou-se.
Uma imagem granulada surgiu — o contorno do rosto de Luana, parcialmente coberto por sombras.
Os olhos, tão idênticos aos da mãe, pareciam cansados.
Gabriela sorriu com serenidade estudada.
— Eu sabia que responderia. Mesmo que fingisse não ouvir.
A voz de Luana veio baixa, quebrada por estática.
— N