CAPÍTULO 86
Quando o amor chega tarde demais ao lugar certo
O corredor da clínica tinha cheiro de antisséptico e madrugada. As luzes eram frias demais para um coração quente demais de pânico. Caio estava de pé — e ao mesmo tempo desabado — com as mãos na cabeça, a camiseta suja de terra, a calça manchada de sangue seco. O segurança tentara fazê-lo sentar duas vezes; duas vezes ele se soltou, voltando para a porta dupla da emergência como um bicho em jaula.
Jarbas andava em círculos, o rosto pálido, os olhos vermelhos. O celular tremia na mão dele, mas a voz de Caio o cortou:
— Liga pro Eduard. Agora.
— Eu… eu ligo — disse Jarbas, discando com dedos que não obedeciam.
Do outro lado da cidade, a casa mergulhada no escuro, Eduard atendeu numa respiração.
— Fala, Jarbas.
Mas não foi Jarbas quem respondeu.
— É o Caio. — A voz veio cortada, crua. — A Alinna… ela… — o ar faltou — ela está morrendo Eduard.
Silêncio. Um segundo que pareceu um poço.
— O que você tá falando, Caio? Quem… quem tá