CAPÍTULO 108

Quando a distância não cabe no peito.

O relógio da mansão marcava vinte e duas horas quando Caio finalmente entrou. O corpo estava cansado, mas a mente fervia. Passara o dia enterrado entre pastas, documentos e logs recuperados. Tudo estava pronto: um dossiê completo com as provas contra os sete acionistas, encadeado com datas, valores e assinaturas. O império dos abutres estava prestes a ruir.

Mas quando atravessou o hall e subiu as escadas, a vitória perdeu o gosto.

Empurrou a porta do quarto de Alinna. A luz apagada, a cama arrumada. O berço intacto. O perfume dela não estava no ar. Nenhum sinal de que tivesse voltado. Tudo no lugar. Tudo vazio.

Caio encostou-se à parede por um instante, respirando fundo. O silêncio da casa parecia zombar dele. Seguiu até o próprio quarto, arrancou o paletó e se jogou na cama. Ficou imóvel, olhando o teto, com o coração pesado.

Por que ela não voltou?

Depois de minutos longos, pegou o celular. Discou o número de Jarbas.

— Oi, Jarbas. B