CAPÍTULO 21
Quando o luxo tenta vestir o vazio
O silêncio da cabine era tão elegante quanto o som dos motores abafados. A poltrona de couro claro envolvia Alinna como se fosse feita sob medida para ela, mas nem o conforto aliviava o nó em sua garganta. O jatinho particular avançava cortando o céu, e a vida como ela conhecia se despedaçava a cada quilômetro.
Eduard serviu duas taças de vinho tinto, de coloração intensa, quase sensual, e se sentou ao lado dela.
— Você está linda Amor... como sempre — murmurou, com aquele tom que fazia parecer elogio e ameaça ao mesmo tempo. Estendeu a taça. — Espero que goste do lugar que escolhi pra gente.
Alinna aceitou, ainda sem saber se aquilo era uma armadilha ou um afago.
— Onde estamos indo? — perguntou, tentando manter a voz firme.
— Toscana — respondeu, como quem diz “nada demais”. — Tenho uma casa lá. Isolada, com vista pro campo. Achei que você precisava de ar puro... e talvez um pouco de poesia.
Ela baixou os olhos para a taça. O vinho re