CAPÍTULO 69
Entre o brilho dos lustres e o vazio do peito
Dentro, tudo recomeçou: passos guiados, cumprimentos, a mão de Eduard passando pela cintura para apresentá-la a mais alguém — e, em seguida, soltando-a para mergulhar noutro mar de interlocutores. A cada “tudo bem?”, ela respondia com um sorriso que não chegava aos olhos. A lombar doía, os pés suplicavam clemência, e o relógio parecia andar para trás.
Numa pausa de ar, encostada perto de uma pilastra, ela a viu de novo. A mesma mulher do almoço, agora num vestido preto simples, sem joias que chamassem atenção. Havia nela uma elegância contida, um magnetismo que não gritava. Observava as pessoas como quem lê um texto difícil. E, outra vez, por um fio de segundo, os olhos se cruzaram.
Alinna respirou. “Não cria novela dentro da cabeça”, tentou se ordenar. “É só mais uma convidada.”
Eduard surgiu ao lado, do nada — como sempre fazia. O sorriso que ele trouxe foi curto, quase automático.
— Cansada? — perguntou, os olhos já fugindo