CAPÍTULO 96
Quando o corpo lembra o que a boca tentou negar
O quarto ainda vibra no silêncio que vem depois. O ar está espesso, morno, perfumado da pele deles.
Caio não tira a venda de Alinna. Ele segura o nó com dois dedos, como quem sabe que a pressa estraga rituais.
— Respira comigo — ele pede, a boca tão perto do ouvido dela que é mais sopro que voz.
Ela obedece. O peito sobe e desce, procurando a cadência dele. A mão de Caio desliza da nuca até a curva dos ombros, devagar, como quem apazigua um animal assustado. Ele sente a pulsação correndo por baixo da pele, veloz — e algo dentro dele relaxa. É sua. Agora, neste segundo, é sua.
— Água — ele diz.
Ele a ajuda a sentar. A borda do copo toca os lábios dela, e ele inclina o suficiente para molhar a boca sem afogar. Os dedos dele seguram o queixo — possessivos, mas cuidadosos.
— Devagar.
— Uhum…
Ele encosta a testa na dela, a venda entre os dois como um tecido de memória.
— Fica.
Uma palavra. Tão curta quanto uma lâmina.
Ela estrem