Mikhail Vasiliev
Dias depois…
Estava ali, sentado na poltrona do meu escritório, sem terno, primeiros botões da camisa abertos, praticamente jogado na cadeira, o dedo indicador girando na borda do copo com o uísque. Fazia isso só para ter algum som diferente do tic-tac da casa, que agora me parecia um juízo lento.
As olheiras pesavam meus olhos. O cabelo, desgrenhado — coisa que eu não costumava fazer, mas a merda do sono tinha me esquecido. A luz estava baixa porque até a lâmpada estava me irritando agora. Quer dizer, todas as luzes me irritavam desde que ela sumiu.
Alguém bateu na porta. Eu nem olhei direito, a porta já estava entreaberta, e arqueei uma sobrancelha ao ver quem era.
— Finalmente aprendeu a bater? — soltei, seco, tentando um pouco de humor que não pegou.
Ilya entrou com aquela risadinha dela, que até em meio a uma guerra tentava suavizar o ar. Ela entrou e veio direto para mim, sentando no meu colo como sempre fazia quando o mundo parecia querer desabar sobre a nossa