Mikhail Vasiliev
Levei Alena de volta para o carro sem dizer uma palavra. Ela vinha atrás de mim, apressada, mas sem protestar. Ainda. Meu maxilar estava travado, a mandíbula tensa. Eu sabia que isso ia acontecer. A curiosidade dela era uma arma. Uma maldita arma apontada direto para as partes da minha vida que eu passei anos enterrando.
No silêncio tenso do carro, dirigi por vários minutos. O caminho de volta parecia mais longo do que o normal. Quando estacionei em frente à mansão, Alena ainda não havia dito nada. Isso, vindo dela, era preocupante. Ela sempre falava. Sempre questionava. Aquela quietude era barulhenta demais.
Desliguei o motor e olhei para a frente.
— Vai continuar me encarando desse jeito? — perguntei, sem tirar os olhos do volante.
Ela cruzou os braços, recostada no banco.
— Não estou encarando.
— Você acha que não, mas está. Você faz esse olhar de gavião quando quer saber algo e está se segurando pra não perguntar.
Silêncio. Me virei lentamente, e a vi com a testa