Marina
Dois dias vazios, silenciosos, lentos demais. Passo as horas sentada à beira da piscina ou afundada no sofá da sala, com um livro nas mãos e a mente longe. Sempre nele. Sempre em Santino.
Pensando em formas de me aproximar. Inventando desculpas. Fantasiando reencontros. Sentindo, acima de tudo, falta daquele ogro.
Sim, ogro. Mas um ogro que me tira o ar com um olhar. E por mais que eu odeie admitir, sinto saudade. Saudade do seu silêncio pesado. Da tensão que ele causa quando entra num ambiente. Da forma como me olha como se soubesse de algo que eu ainda não sei.
Mas agora, tenho um plano. E, por mais louco que pareça, acredito nele com uma fé quase infantil. Vai dar certo. Precisa dar.
Quando a noite cai e a casa mergulha numa calma sonolenta, continuo ali na sala, tentando me distrair com um romance qualquer. A sinopse promete, mas minha cabeça não colabora. Os olhos escorregam pelas linhas sem fixar nada. Até que o som de uma chave na fechadura interrompe meus pensamentos.
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