Ela pensa que pode me enganar.

Observo Naira pela câmera da cozinha, onde ela finge estar distraída, mexendo nos armários como se buscasse algo. Mas seus olhos... seus olhos traem sua intenção. Eles percorrem cada canto, atentos, calculando rotas. Ela está tentando fugir.

Respiro fundo, cruzando os braços enquanto observo as telas. O sistema de segurança foi a melhor coisa que fiz desde que ela acordou. Não há um só cômodo dessa casa onde eu não possa vê-la. E mesmo que ela tente parecer inocente, seu corpo inteiro grita urgência. Medo. Medo de mim.

— Senhor Goodman, ela está agindo estranho. — Diz um dos seguranças pela escuta interna.

— Eu sei. — respondo, friamente — Continue de prontidão. Ninguém entra. Ninguém sai.

Ela passa para o corredor e olho a imagem da câmera na sala. Está com a bolsa. Uma desculpa qualquer para justificar, talvez, mas é a segunda vez hoje. E agora ela está mais tensa, os passos rápidos, a respiração acelerada.

Levanto da poltrona no escritório e sigo até