Após uma noite de paixão arrebatadora com um enigmático estranho, Rosalie Millar decide que nunca mais se deixará levar por impulsos. No entanto, a verdade é que ela simplesmente não consegue esquecê-lo. Para sua surpresa, o "estranho" é, na verdade, Daniel Rossi, sócio proprietário da editora onde ela acaba de iniciar sua carreira. Inicialmente, Rosalie se pergunta se Daniel se lembra daquela noite intensa, mas ele parece não a reconhecer. Quando o manuscrito dela finalmente chega às suas mãos, ele se vê encantado não apenas pela escrita dela, mas também pela mulher por trás das palavras. Eles então embarcam em uma jornada de autodescoberta e amor, desafiando as normas do mundo editorial e suas próprias expectativas.
Leer másRose
Estava no meu quarto finalizando meu manuscrito, que preciso entregar na segunda-feira para avaliação. Na terça, os melhores candidatos seriam chamados para uma entrevista, e apenas três teriam a chance de preencher a vaga na nova Editora Rossi, em Nova York. De repente, escuto a porta do meu quarto se abrir e vejo, por cima dos meus óculos, a silhueta de Maxine. — E aí, Rosalie, você ainda não está pronta? — pergunta ela, com uma expressão de desdém. Maxine é ruiva e extremamente magra, parecendo uma modelo. Não é à toa que está trabalhando para um grande estilista de Nova York. Hoje, ela veste um vestido prateado justo que realça todas as suas curvas. — Max, eu preciso entregar esse manuscrito na segunda-feira. Não posso desperdiçar essa oportunidade; preciso de um emprego. Essa é a minha chance! Já se passaram dois anos desde que me formei e ainda não fui chamada para nenhuma vaga nas editoras para as quais enviei currículo. O trabalho na livraria não me paga o suficiente para sustentar este apartamento. O que acha de me sustentar por um tempo? — Ok, ok, senhorita Millar. Vou esperar você terminar. Enquanto isso, vou procurar sua roupa para hoje… — responde ela, entrando em meu closet. Retorno à digitação do meu manuscrito, concentrando-me nas palavras que vêm à mente com agilidade. — Rose, o que você está escrevendo? Outro romance? — pergunta ela, saindo do closet com um vestido nos braços e um par de sandálias de salto. — Sim, mas desta vez estou incluindo um pouco de aventura, ação e uma generosa pitada de… — Sexo! — interrompe ela, cantando. — Exato! Graças a você, tive uma ótima ideia do que incluir. Digo animadamente, lembrando que, como uma virgem, não tenho muita experiência, mas as histórias de Max são empolgantes e repletas de detalhes. Termino meu manuscrito satisfeita comigo mesma. Na editora Rossi, minha função não será como escritora, mas sim avaliando obras de outros escritores. No entanto, teremos oportunidades de escrever de vez em quando. Amo escrever, mas minha verdadeira paixão é ler, pois me permite me aprofundar e imaginar o que está sendo criado. — Já chega, já chega, senhorita! Vamos nos arrumar ,hoje Você vai arrasar com esse vestido! E outra coisa: você deveria ter suas próprias experiências. Max tagarela sem parar enquanto faz minha maquiagem. Ela coloca cílios postiços e finaliza com um batom vermelho cereja, deixando meu cabelo solto que vai até os ombros, com leves cachos. Meu corpo, curvilíneo graças à academia que Maxine insiste que eu frequente, merece o destaque. O vestido que Max escolheu é preto, liso, um pouco abaixo do joelho, com decote quadrado. Ele é soltinho na parte do busto, com alças finas que se amarram nas costas e uma fenda até a coxa. Com saltos finos para completar o look, estou deslumbrante. — Agora tire os óculos e coloque as lentes — diz ela, exigente. — Ok, mamãe! — dou risadas. Max e eu nos conhecemos desde sempre; somos amigas inseparáveis. — O táxi chegou! Está pronta? — ela pergunta, segurando meus ombros e olhando nos meus olhos. — Pronta, super pronta! — respondo, voltando para o quarto. Coloco meu celular e meus óculos na bolsa antes de sair, seguindo a Maxine para uma noite em Nova York. A música vibrante pulsava através do chão enquanto eu e Maxine nos aproximávamos da entrada da boate. As luzes coloridas dançavam em um padrão hipnotizante, refletindo nossas expectativas e a energia contagiante daquela noite. Quando a porta se abriu, o som se intensificou, e um mar de rostos animados surgiu diante de nós. Era como se estivéssemos cruzando um portal para um mundo onde a diversão e a liberdade eram as únicas regras. Maxine, com seu sorriso radiante e cabelo perfeitamente preso em um coque bagunçado, pegou minha mão e me puxou para dentro. O ar estava carregado de um doce perfume misturado com o cheiro da água e do álcool, criando uma atmosfera quase etérea. As paredes eram adornadas com grafites artísticos e luzes de neon que delineavam formas abstratas, enquanto grandes painéis de LED exibiam imagens que mudavam a cada batida da música. As pessoas dançavam desenfreadas, seus corpos movendo-se como se fizessem parte de uma coreografia ensaiada. Eu podia sentir a música vibrando em meu peito, uma mistura de EDM e batidas latinas que me convidavam a me perder na pista. Era impossível não deixar levar, e foi exatamente isso que fiz. Olhei para Maxine, que já havia sumido na multidão, e sorri para mim mesma, sabendo que esta noite seria cheia de momentos inesquecíveis. Enquanto me aventurava pela sala, vi um bar longo e iluminado onde bartenders, com suas camisas justas e rostos concentrados, preparavam coquetéis incríveis que selavam a magia da noite. Decidi me aproximar e pedi algo refrescante, talvez uma caipirinha com maracujá. Enquanto aguardava, observei a pista de dança e a diversidade de pessoas lá. Cada um parecia estar vivendo seu próprio momento de liberdade, suas expressões que variavam entre riso, felicidade e pura euforia. Quando finalmente peguei meu drink e dei o primeiro gole, a mistura doce e azeda explodiu em meu paladar. Senti a água do mar e o calor da festa ao meu redor, energizada e pronta para me juntar à dança. Com o copo na mão, procurei Maxine novamente, e quando a encontrei, ela estava rindo e dançando ao lado de um grupo de estranhos que rapidamente se tornaram amigos na noite. Com o copo vazio em mãos, decidi voltar ao bar para pegar outra bebida. A música pulsava como um convite irresistível, e eu estava completamente imersa na energia da festa. Ao chegar ao bar, fiz meu pedido e, enquanto aguardava, senti uma presença ao meu lado. Virei-me e lá estava ele: um homem bonito, cabelos castanhos, olhos verdes intensos e um corpo musculoso que não passava despercebido entre a multidão. "Posso te ajudar com algo?" ele disse, um sorriso provocante nos lábios. Acelerando meu coração, eu ri suavemente. “Acho que você pode me ajudar a escolher uma bebida mais interessante. O que você recomenda?” “Na verdade, eu acho que você já é o suficiente de interessante”, ele respondeu, seu olhar fixo em mim, como se estivesse decifrando um mistério. Minhas bochechas esquentaram com o elogio. “Eu sou Rose. E você?” "Daniel", ele disse, inclinando-se ligeiramente para mais perto. quando ele foi falar seu sobrenome coloquei meus dedos em seus lábios o parando . Eu estava ousada essa noite , talvez fosse a bebida. "Só o primeiro nome basta, Daniel." Ele levantou uma sobrancelha, surpreso, mas pareceu gostar do que eu disse. “Um toque de mistério, então? Gosto disso.” Com as bebidas em mãos, ele se aproximou ainda mais. "Vamos dançar? Parece que a pista de dança está chamando." “Então vamos!” respondi, sentindo a adrenalina percorrer minhas veias enquanto ele me guiava até a pista. A música “Envolver” começou a tocar, e eu sabia que fazia sentido. Na pista, éramos apenas nós dois, cercados por um mar de corpos se movendo em harmonia com a batida. A diferença de altura entre nós, eu com 1,60 e ele com 1,90, parecia apenas aumentar a química palpável entre nós. Ele segurou minha cintura com firmeza, sua presença me fazendo sentir protegida e ao mesmo tempo excitada. "Você sabe dançar muito bem, Rose," ele sussurrou perto do meu ouvido, fazendo meu coração disparar. "Acredito que a música faça isso por mim", respondi, deixando-me levar pela sensualidade que nos envolvia. Nossos corpos se moviam em perfeita sintonia, e a atmosfera estava carregada de um desejo crescente. Eu podia sentir o calor da sua pele e o toque de suas mãos me guiando em um ritmo que parecia desenhar nossas intenções. O jeito como ele me puxava para mais perto era eletrizante. Em um momento de pura conexão, ele se inclinou e, com um olhar intenso, selou nossos lábios com um beijo inesperado, quente e profundo. Era como se todo o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido. Quando ele se afastou, nossos olhos se encontraram, e a única coisa que eu consegui fazer foi sorrir. “Quer ir a outro lugar?" ele perguntou, sua voz carregada de desejo. “Claro,” eu disse, em meio a uma mistura de emoção e aventura, sem saber onde essa noite nos levaria.Daniel 10h03 O rádio da polícia ainda chiava, mas nada do que vinham dizendo ajudava a encurtar a distância entre mim e Rose. O carro suspeito foi visto entrando em uma rua estreita na zona norte… mas a câmera seguinte estava desligada. Pista morta. Eu apertei o volante até sentir os dedos formigarem. — Droga… — O palavrão saiu baixo, mas queimou na garganta. Jhon, ao meu lado, analisava o monitor portátil que a equipe dele tinha trazido. — Daniel… sem a placa completa, vamos depender de reconhecimento visual. E o último registro é de duas horas atrás. A informação caiu como pedra no estômago. Duas horas. Duas horas de vantagem para quem quer desaparecer. 10h26 Fomos até o endereço de uma suposta “garagem de fachada” que poderia abrigar o carro. Nada. Portão fechado, correntes novas, silêncio absoluto. Um cachorro magro latiu até a garganta secar, mas não havia ninguém ali. Eu caminhei em círculos na calçada, sentindo a respiração rasgar o peito. A imagem de Rose,
Rose O silêncio era pior do que qualquer ameaça. Não sabia se era madrugada ou manhã — não havia janelas visíveis, apenas as cortinas pesadas bloqueando qualquer luz natural. O ar estava carregado, denso, como se cada respiração me custasse um esforço extra. As cordas ainda marcavam meus pulsos, o formigamento já se transformando em dormência. Tentei mexer as pernas, mas elas também estavam presas. A cada movimento, o colchão velho rangia, denunciando minha tentativa de buscar uma posição menos dolorosa. O som de passos ecoou no corredor. Rítmicos. Lentos. Deliberados. Meu corpo inteiro ficou rígido. A maçaneta girou e Nathan entrou. Ainda trazia marcas roxas no rosto — provavelmente resultado da surra que levou de quem quer que estivesse atrás dele. Uma fina linha de sangue seco cortava o canto da boca, mas isso não apagava o brilho de satisfação em seus olhos. — Dormiu bem? — perguntou, fechando a porta atrás de si. Eu não respondi. Mantive o olhar fixo, tentando ler
Daniel 7h58. Eu já estava na sala da Suzy, encostado na mesa de reuniões, olhando a tela do celular como se ela pudesse adiantar os ponteiros. O vidro do prédio refletia um céu nublado, e a editora tinha aquele cheiro de papel, café e ansiedade que normalmente me acalma. Hoje, não. — Ele confirmou ontem — disse Suzy, ajeitando uma pilha de dossiês. — Oito em ponto, lembra? Assenti sem tirar os olhos da porta. 8h03. Nenhum “bom dia”, nenhum passo no corredor. Só o ar-condicionado insistindo. A cadeira à minha frente continuava vazia, impecável. A cadeira que eu tinha reservado para o “Jorge”. Para o Nathan. — Manda a Michele tentar de novo — falei. Suzy já estava com o ramal no ouvido. — Caixa postal. — Ela mordeu o lábio. — De novo. Respirei fundo, abrindo minha agenda. Uma linha seca me encarava: Reunião: 8h — Nathan / Suzy / Rose. — E a Rose? — perguntei, automático. — Pedi para ela vir para a reunião. — Deve estar chegando. — Suzy forçou um sorriso que não en
A noite já tinha engolido a cidade quando Daniel me deixou na porta do meu prédio. Eu sentia o corpo pesado, mas a mente estava desperta, como se cada pensamento fosse um fio puxando outro, formando um emaranhado impossível de desfazer. — Tenta descansar, pequena — disse ele, segurando minha mão por alguns segundos. Seus olhos tinham aquele brilho grave, como se carregassem segredos que não podiam ser compartilhados. Assenti, mesmo sabendo que o descanso era a última coisa que conseguiria encontrar. Vi-o entrar no carro e desaparecer na esquina, enquanto a brisa fria da noite arrepiava minha pele. Lá dentro, o apartamento parecia silencioso demais. Maxine não estava — provavelmente ainda na rua com alguma amiga. Liguei a chaleira e me sentei no sofá, olhando para a porta como se esperasse que alguém entrasse a qualquer momento. Era estranho... uma sensação persistente de que eu estava sendo observada, mesmo dentro de casa. Do outro lado da cidade, Daniel estacionava diante do
Rose O dia parecia querer se arrastar. Mesmo com a pilha de relatórios à minha frente, minha atenção se dispersava a cada passo ecoando no corredor. O aviso de Daniel ainda martelava na minha mente: “Não confie nesse tal de Jorge.” Eu tentava me convencer de que poderia lidar com aquilo como qualquer situação de trabalho — profissionalismo, distanciamento, foco. Mas o problema era que, desde a primeira vez que Jorge me olhou com aquele sorriso carregado de intenções, minha pele reagia como se tivesse sido tocada por gelo. Puxei o notebook para perto e forcei minha mente a revisar a pauta da reunião da tarde. Estava concentrada quando ouvi duas batidas suaves na porta. — Entre. Amanda apareceu com uma pasta colorida nas mãos e aquele sorriso ansioso de quem traz novidades. — Trouxe os rascunhos para a campanha de outono. Quer dar uma olhada antes de enviarmos para o time de design? — Claro. — Peguei a pasta e abri, folheando as páginas. — Você fez alterações no conceito
Rose Acordo com o cheiro de Daniel. O aroma dele é quente, envolvente, e se mistura ao leve perfume amadeirado que ainda paira no quarto. A luz da manhã atravessa as cortinas pesadas, filtrada em feixes dourados que iluminam seu rosto adormecido. Ele parece tão em paz… como se o mundo lá fora não existisse, como se nada pudesse quebrar aquele momento. Fico ali, imóvel, apenas observando-o. Os traços firmes, a respiração ritmada, o peso de um braço sobre o travesseiro. Mas a imagem perfeita não consegue apagar o que aconteceu na noite anterior. A batida urgente na minha porta, a tensão nos ombros dele, o olhar carregado de algo que eu ainda não consegui nomear. Ele entrou como um furacão, me puxou para um abraço que parecia um pedido silencioso, e não deu explicações. Deslizo para fora da cama com cuidado para não acordá-lo. Sinto o frio do piso de madeira sob os pés e caminho até a cozinha, buscando um pouco de normalidade depois da tempestade que foi essa madrugada. O cheir
Último capítulo