O sol nascia preguiçoso sobre o morro, mas a ONG Raízes do Morro já fervia de movimento. O cheiro de tinta fresca se misturava ao de café preto forte vindo da cozinha improvisada nos fundos. Nos muros recém-pintados, uma faixa enorme estampava o novo sonho que agora era realidade:
ESCOLA POPULAR RAÍZES DO MORRO
Educação para todas as idades. Do bebê ao vovô.
Isis caminhava pela quadra com o coturno sujo de cimento, rascunhos nas mãos, e o rosto iluminado por um cansaço feliz.
A verba tinha chegado — não como um milagre, mas como uma resposta à resistência. Os carregamentos entregues, os riscos assumidos, tudo isso agora virava algo concreto.
Além da ampliação das salas, uma nova creche começava a tomar forma aos fundos do galpão. Um pé de jambeiro, plantado por Neumitcha e as crianças, ia ser a sombra do futuro.
— Cês vão ver só! Aqui vai ter merenda, brinquedo, soneca e até cheirinho de bebê no ar — dizia Neumitcha com a pá na mão e as unhas brilhando. — E se alguém ousar botar