O clima no morro era de construção e tensão.
Enquanto o povo empilhava sonhos, o sistema afiava as garras.
Na quadra da ONG, Theo ajudava a organizar as novas carteiras escolares recebidas como parte do último “presente”.
Livros de alfabetização, jogos pedagógicos, cartilhas de saúde, até computadores usados — tudo cuidadosamente empacotado, vindo diretamente de mãos invisíveis do alto escalão.
— Aqui, professor, encaixa essa mesinha com a outra — disse Bê, suado, rindo, com um prego na boca. — Hoje tem reforço de português e amanhã é aula de matemática pros mais velhos. Tia Jurema tá animadona.
— Vocês estão virando uma escola de verdade. — Theo sorriu.
— Não, professor. A gente tá virando uma revolução.
Na parede nova, pintada pelas crianças, uma frase tremulava como bandeira:
“Educar é desarmar o futuro.”
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Na sala de reuniões improvisada da ONG, Isis estava de pé diante de um mapa do morro, pontilhado por marcações feitas à mão.
Ao redor dela, Barril, Bê, Ca