Enzo passou a mão no rosto, ainda atordoado. A voz saiu rouca, como se tivesse um nó na garganta:
— É, primo, eu não sei se essa mulher é cigana, se é humana, se é bruxa… ou o quê que ela é. Mas ela falou coisas que só eu, você e o Mateu sabíamos. Só nós três e o tio.
Mateu arregalou os olhos, o maxilar travado.
— A tia está morta… — murmurou, incrédulo. — Como ela poderia saber?
Enzo olhou para os dois, a expressão marcada por arrependimento.
— Então é isso… a mamãe falou mesmo com ela. E agora eu tô me sentindo mal pelas vezes que me rebelei contra o meu tio. — respirou fundo, mexendo nervosamente os dedos. — Caramba, você viu? Ela disse que ele está com os dias contados. E que todos eles… até o meu pai… estão juntos, esperando para ampará-lo.
Um silêncio desconfortável se instalou, pesado como chumbo. Vitório apoiou os cotovelos na mesa, olhando fixamente para o nada.
— Será que vale a pena a gente guardar tanta raiva assi