Sarah ainda permanecia de pé, diante de Vitório, com o semblante sério da mulher que acabara de transmitir uma mensagem vinda dos céus — ou, no caso dela, de Santa Sara Kali. Mas, logo depois do silêncio respeitoso que ele ofereceu, ela cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.— E não se esqueça — disse, com aquele sotaque carregado, arrastando o "r" com elegância. — Mande também buscar os meus pais. Você ainda tem que pedir a minha mão. É uma questão de honra. Mesmo que meu pai não possa dizer não, ele precisa saber. E você precisa se apresentar com dignidade diante dele.Vitório arqueou uma sobrancelha, com os braços cruzados no peito, observando cada detalhe da sua futura noiva: a altivez, a coragem, o orgulho cigano que não se curvava nem diante de um Dom.— Pedir a sua mão... — repetiu, como se saboreasse a ousadia da frase. — E o que mais, minha cigana?Ela sorriu, travessa, e deu meia-volta, andando lentamente até a porta. Parou
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